quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

re:

"Eu penso em você, minha filha. Aqui lágrimas fracas, dores mínimas, chuvas outonais apenas esboçando a majestade de um choro de viúva, águas mentirosas fecundando campos de melancolia..." - Diria Ana Cristina se te encontrasse.
Recebi sua carta e venho responder através desta...

Você desagua em mim e eu oceano, e esqueço que amar é quase uma dor.”
Eu tive que sair por uns minutos, me desculpa não ter deixado um bilhete e ter te preocupado.
Talvez por isso você não pode sentir que deixei minhas roupas intactas no armário do outro quarto, os cheiros que costumo colocar em mim e em determinado momento da noite, em você também, estão todos aí no nosso canto, nosso banheiro. Nosso brinquedo continua na parte de cima do guarda-roupas, bem aí acima de sua roupa pendurada.
Você poderia ter me ligado, eu estava com o celular no bolso, tentei ligar mas não consegui, não vi espaço para isso.
Você continua no reino que construímos, não pense que ele foi destruído, minha querida, ele está de pé ainda. Eu construí ele com muito suor, força, disposição, fome, tesão... não pense o contrário.
Bom saber que nossos gostos musicais se misturaram, se completando tão bem, fico feliz em saber porque adoro te mostrar novas melodias (desde o início, lembra?).
Espero que essa carta caiba na sua abarrotada caixa de correios, assim como meu corpo cabe em seu lindo, delicioso e experiente corpo, assim como eu e meus 22 conseguimos, na maior parte do tempo, caber nos seus 31.

Devolvo o beijo a você, que me fez tão igual e me deixou aqui, diferente...

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