sábado, 26 de novembro de 2011

Uma segunda-feira mais ou menos fria

O animal que sobe pela coluna vertebral me lembra a vontade de adiantar o tempo, fazer passarem 5 dias em no máximo meia hora, de olhos fechados; não sei porque.
Enquanto a água caía, eu pensava nos ok's que aprendi a dar nas obrigações cumpridas durante o dia, na agenda, pensava em minha falta sentida ou não em duas ou três (ou todas) as obrigações diárias, pensava em como quero estar invisível, ausente, deitada, triste, por um tempo suficientemente longo, até que sentisse dor no corpo.
Ando pensando, de cabeça baixa, pensando no que poderia fazer e que, por algum motivo, não faço, não consigo, não falo, ou falo demais (falo até estragar todo o momento com apenas algumas frases). Todos conseguem ver o momento, menos eu; queria poder ficar em silêncio por mais tempo, ficar em silêncio durante 23 horas por dia, ficar em silêncio.
"- E agora srta. Perversa, como volto atrás em tudo? Ou como vou para frente em nada?"
"- Agora é fechar os olhos, controlar as dores e esperar por uma terça-feira mais fria."


Bonita

Vejo o lápis que contorna; o formato diferente, comentado, antes confundido.
Vejo as folhas secas, um castanho claro, tímido, de perto.
Num verão frio, apagado, eis que aparece uma vista das montanhas, as pessoas passando todo o tempo enquanto nós estamos, simplesmente estamos, sem se importar com o que possa aparecer. A declaração veio, feita, não respondida (ou correspondida), entendida.


Parei, fiquei durante um bom tempo te olhando de longe...
"O que via?"
Você de perfil, se olhando no espelho, penteando os cabelos (talvez umas 100 escovadas pacientemente pelos longos fios), partindo-os, como num ritual.
O que espero e porque escrevo?
Talvez seja ousadia pensar que você possa ter essa resposta, mas vou te dá-la, embrulhada:
Eu espero você, e escrevo porque ainda quero poder ver isso todos os dias da minha vida, em minha doce memória.

Fotografias recortadas

em momentos bonitos, amiúde.
Um objeto guardado no fundo da mochila, ajudaria a amenizar a abstinência caso fosse usado.
No carro.
Naquele residencial, aquela casa.
No espelho, sofá, cozinha, cama.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uma carta e um chá gelado

"Tô morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os quatro foles da
minha vida, no momento, e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a
preencher. Sei lá, menina, tá tudo tão legal — e um legal tão batalhado, um legal
merecido, de costas e pernas doendo, mas coração tranqüilo."
                                                                                       Caio Fernando


Venho dizer que, na verdade, nada disso está acontecendo tranquilamente; batalhadas sim, tranquilas não.
Venho te pedir para me mostrar pelo menos esse pedaço de sua coragem - imagino que ela exista, sim - "deixe a dor para depois".
Posso te abraçar, e beijar onde dói, quantas vezes for necessário e pelo tempo que precisar, se você me mostrar, se confiar em minha paciência, mas não se mexa tão devagar, eu não posso aguentar isso; eu não vou para lugar nenhum porque eu não tenho para onde ir.
Eu não vou brigar, xingar ou ir embora mais cedo, lembra? eu vou deixar com você o que eu quero para você. Eu vou deixar você me abraçar por mais tempo, eu vou aceitar um último beijo no peito e um olhar de despedida.
(Se eu fosse mesmo tudo aquilo ninguém teria ido embora, se eu ainda puder ser tudo aquilo...)



E aí, quando você virá para trazer uma carta e um chá gelado?

Você sabe o caminho, e esse tempo não foi o suficiente para te fazer esquecer dele.